14.1.11

Ar]vore




Numa sombra esquecida, de uma árvore cansada, estupefacta com os acontecimentos visualizados, eu tomo parte, sento e escuto os ecos da vida, de uma vida platónica. Vida que sonhei, desejei. Mesmo os acontecimentos mais imprecisos eu idealizei. Parto do suposto que tudo são margens de uma mente barafunda e subtilmente metódica, paradoxos, mais uma vez paradoxos. Em cima da pedra que acompanha a vida da árvore, entre ventos e tempestades, nada a corrói nada a destabiliza, apenas balançam os galhos das vontades e acontecimentos imprecisos, observo. Mantém-se robusta a cada rajada, como eu a aprecio, serena e de contagiante satisfação, o mundo parou, a vida proferiu num eco de silêncio desconcertante, onde mesmo o próprio silêncio pode ser devastante, mas não, não me demoveu não me descompôs, tenta outra vez mais tarde e outra vez, mas aviso o sucesso não está nos teus feitos.
Permaneço aqui, enquanto o esboço não finalizar, enquanto os sonhos não fugirem, eu e arvores vertemos histórias projectadas num mundo inatingível. A última coisa que me lembro de ter sonhado foi o quão suave ela passa, um capítulo de vida com valor, garra, emoção. Um capitulo de vida que partilho com a, agora minha, arvore. Trajecto delicioso, enquanto estiver aqui estou bem, estou no meu auge. Até um dia destes, vida cruel, para já estou a sonhar .

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