15.1.11



Nem tudo é substancialmente concreto, as indefinições perseguem-nos pelas mais estranhas ruas. Os caminhos que seguimos são invisíveis a uns quantos metros, o desconhecido e o mistério que nos cerca é sucinto para já. Aí está a demanda do prazer, um mistério intransigente que gostamos de perfurar. Parte da vontade de vida está nele contida. Atraí-nos, se não o faz devia, faz parte da natureza humana possuir um íman de atracção máxima pelo desconhecido, pelo ainda não desvendado, por vezes cerca-nos de uma magia cintilante e é num desses momentos que mais vivos nos sentimos, o sangue corre nas nossas veias com mais intensidade, o coração bate incessantemente de uma curiosidade quase que fatal. Estou numa dessas ruas em que encontro janelas brancas embaciadas em que quero olhar para dentro, bicos de pés, passar a mão e visualizar o deslumbrante mistério que está contido atrás das cortinas beges, suavemente transparentes. Cada pedra da calceta tem uma história para contar, quero descobri-las a todas, algumas boas outras de desgraças, mas assim é a vida. Uma rua no seu anoitecer, com histórias, gargalhadas ofuscadas em ecos, sem saber de onde vem, pessoas apressadas, outras demoradas, portas que batem pelo atraso das 19:02h, a vida está a encerrar um capítulo nesta rua de amarguras e felicidade. Vou continuar, os cântaros já passam despercebidos a esta hora, que mistério os envolve? Esses vou passar à frente, é tarde e a rua ainda é longa, já cercada de um mistério profundo desvendo pouco mas sinto arrepios na espinha, é incrível as sensações que o mundo provoca em nós. Amanhã vou passar aqui novamente e tentar alcançar um pouco mais desta rua desconhecida.

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