23.6.14

Antes de ter tido uma depressão, eu era aquela pessoa que mesmo com algumas dificuldades na frente (como toda a gente) dizia: "eu sou extremamente feliz" e fazia-me confusão as pessoas que se queixavam tanto da vida delas. À três anos caí no meu próprio erro de julgamento, comecei com ataques de pânico, onde durante meses não conseguia estar num jantar de amigos íntimos, não conseguia estar num shopping mais de cinco minutos ou sair à noite só para aquele cafezinho, as multidões matavam-me, o nervosismo, ansiedade, stress, pânico começavam-me a consumir, e eu, fraca fugia, dizia que não conseguia lidar com aquilo, que não aguentava. Com o tempo os ataques pararam, comecei a ser devidamente medicada, e chegou a altura de me fechar completamente em casa. O tempo foi passando, foi a ele que me agarrei (com o tempo tudo passa, numa depressão isso é MENTIRA), com a ajuda de grandiosas pessoas, fui aos poucos ganhando um bocadinho de força, melhorava um bocadinho, mas foram inúmeras vezes as quedas, as vezes que atingi o fundo do poço, vezes sem conta, os porquês de tudo acontecer, de não conseguir, devem imaginar as coisas que me passavam pela cabeça quando a minha vida não fazia qualquer sentindo. Chegou a fase de começar a aceitar o que me tinha sido diagnosticado, de pensar "pronto eu tenho uma depressão e vou viver com ela", aceitar as minhas limitações fisicas e sobretudo mentais. Comecei a fazer as coisas, a aos pouquinhos a voltar a "viver"(sobreviver) um dia de cada vez. A cada dia, cada semana estabelecer uma meta (pequeninas) e tentar alcança-la, muitas vezes fracassava, voltada a perder toda a esperança mas umas vezes mais rápido outras mais lentamente voltava novamente a tentar. Assim foi, comecei a ficar melhor, cada vez melhor (muito muito devagar), entre subidas e descidas passei por situações dificeis, que me faziam quase voltar para onde estava, particularmente nos ultimos meses tive de passar muitas provas de fogo, muitos problemas que me atingiam mas continuei, consegui continuar a trabalhar na minha cura, não sei, olhando para trás como consegui. Com muito esforço, fui andando aos poucos e a pensar não hoje não vou já embora, vou ficar mais cinco minutos no bar, mais dez minutos, mais trinta… Muitas vezes tinhas qu dormir a meio da tarde porque o meu corpo não aguentava, andei três anos com a energia a 50%, com limitações diárias, fosse de picos de ansiedade, fosse de cansaço extremo (sem lógica); não havia um dia em que não tivesse uma limitação, pelo menos. Mas... aos poucos fui conseguindo, construí o meu auto-controlo, voltei a construir a minha auto-confiança, a minha força. Aos poucos descobri, que não é o tempo que faz com que uma depressão passe, é tu dizeres CHEGA. Chega de semanas fechada num quarto, chega de ver a vida passar lá fora, chega de ver as pessoas andarem para a frente e eu ficar parada, sem trabalhar, sem estudar, sem conviver. Mas mesmo assim, ninguém se confunda, mesmo com toda a força de vontade deste mundo, havia dias que estava bem, com energia com vontade de fazer tudo, e de repente, dias fechada em casa, que até para sair do quarto me estremeciam as pernas. Hoje, digo acabou. A minha vida avançou, porque a minha vida agora tem novamente COR, o meu entusiasmo pela vida, tão meu característico, voltou com a máxima força ou até mais! Voltei a andar com os meus próprios pés, a levantar-me, a não deixar cair-me tão facilmente. A dar importância ao que realmente tem valor. Hoje, eu vou aonde quero, hoje eu faço o que eu quero, hoje eu defino o que me afecta e não me afecta. O que vale a pena ou não. Redescobri que, sou extremamente sortuda: família, amigos verdadeiros, casa, comida e aprendi novamente a VIVER. E quem passa ou esta a passar por isso, sabe do que falo, das lutas que temos mas nunca percam a esperança. Não foi fácil, nada fácil, há momentos que ainda me custa recordar, coisas que ainda me custa descrever, sentimentos que ainda não consigo encontrar palavras para definir. Numa depressão profunda, temos duas “vidas”, a que mostramos e a escuridão vivemos (e ela é maior que qualquer pessoa que não saiba o que realmente isto é, possa imaginar). Obrigada vida, pelos obstáculos, por nos tornares mais humanos, por nos ensinares como ser fortes e ver o lado positivo sempre e nos mostrares que a vida é uma e NÓS temos o comando dela. Já não ME defines! “Love ourselves”. Depois de ter tido uma depressão, eu sou aquela pessoa que mesmo com algumas dificuldades na frente (como toda a gente) diz: "eu sou extremamente feliz". . Obrigada vida pela aprendizagem, o que não nos MATA, torna-nos mais FORTES!

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